Já reparou que algumas frases clichês de repente passam a fazer sentido? Quando estou com você sinto o mundo parar. As vezes preciso te olhar, pra ter certeza de que isso tudo é verdade. Te amo.

3,2,1...Você! Que o Ano Novo não negue tudo que esse tempo comprovou. Que você se surpreenda com o que já sabia. Sempre foi você, embora não seja, nem nunca possa ser.

Sensação de impotência quando toda a sua luta foi em vão. No final das contas, o mundo realmente é do jeito tinham te falado, e você tem que aceitar isso. A revolta aumenta ao perceber um sorriso discreto, surgindo no canto do rosto, ao vivenciar banalidades, daquelas que todos desejavam, menos você. Todo o sonho de construir uma vida diferente, buscar maneiras alternativas de existência, tudo por água abaixo. Os planos, as crenças, as teorias são simplesmente trocados pelo charme da sardinha no ombro.

Tenho saudades da segurança boa das suas mentiras. Da falta de seriedade, da falsidade das expressões. Do amor que, de tão real, eu quase conseguia tocar. Bons tempos, quando ser feliz era uma simples escolha. Quando eu tinha todos seus erros desenhados num mapa, mas preferia seguir seu olhar, suas palavras; mesmo sem esperança alguma. Sua foto continua no meu quarto e você continua sonhando, mesmo sabendo que, infelizmente, meus pés tocaram o chão. Hoje vivo uma felicidade imposta, que, de tão impecável, chega a ser chata. Ainda preciso da sua fantasia pra me divertir. Então, por isso, obrigada.

Belo Horizonte, 18 de outubro de 2010

Hoje eu encontrei uma caixa com várias cartas. Cartas de verdade! Enviadas pelo correio, escritas à mão, contando as novidades, falando sobre a saudade. Me senti muito mal. Como se aquela Maria Clara que trocava cartas com as amigas estivesse perdida em algum mundo distante. Como se eu fosse agora uma casca, que teve todo o seu conteúdo corroído pela rotina massante.

Eu quero que se foda a internet, o telefone, que facilitam tanto a nossa vida, que acabam nos deixando sem voz. O cheiro do papel, a forma da letra, a mancha de café, fazem toda a diferença. Tudo se torna mais pessoal e sincero numa carta.

Eu não tenho mais a dizer, só preciso selar e enviar este meu desabafo. Enviar por mãos humanas, que sentem o calor das palavras e entendem toda a amizade, o amor, a saudade e a busca pela eternidade que contém esta carta.

Eu sou parte da sua vida, e você é parte da minha.

Nós sabemos disso e não há necessidade de continuar te lembrando.

Espero ter te enviado um sorriso, e que ele esteja no seu rosto neste exato momento.

Te amo pra sempre e sinto a sua falta,

Maria Clara Mancilha Guimarães

Depois de um tempo, todo aquele modelo de perfeição que te abriu a boca se torna nada mais do que o mesmo. Tudo tende à procura infinita. Mas pra isso existe a ficção, e todos os produtos culturais ilusórios. A falsa realização alheia conforta e completa. Dessa forma, mantemos nosso pensamento padronizado e ficamos satisfeitos com o fato de que “não aconteceu comigo, mas é verdade, eu conheço um cara...”.