Eu tinha 13 anos e precisava de drama. Ele me ligava todos os dias e sempre me visitava nos feriados. Eu me divertia com o sotaque paulista e a sua calça caindo. Trocávamos descobertas musicais e acordes de violão. Ele não gostava de futebol e escrevia bilhetes de amor. A gente não precisava de mais nada, simplesmente nos olhávamos enquanto “I am the highway” tocava na sala. Certa vez, eu enterrei no jardim um pedaço de papel, que dizia que eu estaria mentindo se algum dia dissesse ter esquecido aquilo. O que de certa forma acabou sendo verdade. Eu não sabia como era estar com outra pessoa, eu sempre me perguntava se brigas eram mitos ou se eu vivia um relacionamento anormal. Lembro-me perfeitamente da expressão que pus no seu rosto quando disse que não queria mais, sem motivo algum. A verdade é que eu passei muito tempo procurando alguma explicação, mas nunca encontrei nada. Então hoje eu preciso te dizer que eu tinha 13 anos e precisava de drama.